Vitrine

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Nóia infantil

Quando eu tinha mais ou menos uns 6 anos de idade encontrei debaixo da cama uma caixa contendo vários medicamentos.

Desleixo, displicência dos adultos.

Mas, nao vem ao caso. Achei a caixa. Explorei-a. Cheia de embalagens atrativas. Experimentei algumas que na inocência julguei que fossem guloseimas.

Experimentei várias.

Mais precisamente 53 comprimidos variados. AAS, Melhoral e um outro que não recordo o nome. Para minha sorte, todos infantís. Senão, certamente não estaria agora contando esta história.

O resultado ainda lembro hoje. Por um dia e uma noite fiquei na maior nóia, mesmo com os cuidados que comigo tiveram para me desintoxicar.

Tive alucinações. Gritava e me debatia com medo. Via ladrões destelhando a casa. Pelo buraco do telhado vinha um terrível dragão verde, com o rabo todo esfiapado, soltando fogo pela boca. Pedia para fecharem a porta e as janelas porque por elas entravam os meus algozes da infância, o Jim da Selvas, os soldados, os índios...

Enfim. Intermináveis horas de desvario, onde enfrentei todos os medos e tudo que eu temia até então.

Como tudo tem seu lado positivo, talvez tenha servido para me desestimular totalmente quanto às drogas.

Ainda lembro muito bem como é ficar noiado. E não é nada agradável.

Adriano Trinta

Nenhum comentário:

Postar um comentário