Das muitas atividades profissionais que já exerci, guiar um táxi foi das mais fartas em acontecimentos.
Comecei não por opção, mas por acaso e contingência..
Logo na estréia na profissão, nervoso com a minha primeira corrida, não conhecia direito o endereço de destino e quase enfiei o carro - um reluzente fusca amarelo - embaixo de um caminhão que manobrou à minha frente sem sinalizar.
Consegui frear a tempo, a um metro do pesado caminhão de carga. Minha passageira quase desmaiou e eu também. Ela pediu pra descer ali mesmo e eu dei graças a Deus, porque precisava beber água para me refazer do susto.
Em outra ocasião, peguei uma passageira que me fez rodar por mais de uma hora com ela e uma criança. Fiz o trajeto da casa da passageira a um hospital no outro lado da cidade, fiquei esperando ela ser atendida, de lá para algumas farmácias, esperei que ela fizesse as compras, voltei para deixa-la em casa; então ela me disse:
- Moço, o senhor agora vai cobrar a corrida de fulano, que mora no bairro tal, rua tal, porque ele atropelou meu filho e é ele quem tem que pagar as despesas.
Deixei por isso mesmo. Achei melhor nem perder mais tempo e combustível indo atrás.
Em outra, peguei uma passageira que também me fez rodar muitos quilômetros, por vários bairros da cidade e no final disse, fazendo cara de mulher fatal:
- Como eu posso pagar a corrida, gatinho?
- Com dinheiro, moça! Mulher eu tenho de sobra, o que eu não tenho é dinheiro!
Não preciso nem dizer que foi outro xexo no taxista novato.
Em outra vez, entraram no táxi um casal e mais três crianças. Falavam sem parar, todos ao mesmo tempo. Uma algazarra medonha. O pior era que o homem, um cidadão que pesava uns 120 quilos, a toda hora soltava uns flatos terríveis e dizia:
- Ô taxista, pára com isso! Tem criança aqui no carro!
E a mulher mais as crianças se acabavam em gargalhadas.
Meu Deus! Que vida dura a de taxista!
Não fiquei muito tempo na profissão. Poucos meses e muitos outros episódios insólitos, sem contar as vezes em que eu por falta de hábito esquecia de ligar o táximetro, foram o suficiente para me fazer desistir dela.
Adriano Trinta
Nenhum comentário:
Postar um comentário