Anexo a nossa casa mantínhamos um comércio, misto de bar, sorveteria e venda de gêneros de primeira necessidade, situado defronte a um quartel do exército.
Era anos 70/80, regime militar.
Os militares tinham certamente um soldo bem mais gordo que o de hoje. Nas datas de pagamento faziam em nosso bar farras gastronômicas comparáveis as de Asterix e sua turma vindos de uma batalha contra os romanos.
Encomendavam antecipadamente e a pedida invariavelmente era frango assado.
Mas não era um frango assado qualquer. Era um frango assado de sabor inigualável. Tempero de minha mãe, receita guardada por muitas gerações.
Não sei dizer os ingredientes nem como fazer. Não prestava atenção nisso.
Lembro apenas e muitíssimo bem do resultado final.
Aquele frango dourado, recheado de farofa com sei-lá-o-que dentro, adornado com azeitonas espetadas no palito, rodelas de cebola crua, tomates, muita farofa e fatias de ovos cozidos em volta.
Eram assados às dezenas durante o dia. E degustados à noite, já frios - acho que esse era o segredo - com outro tanto de dezenas de engradados de cerveja por também dezenas de soldados.
Em verdade soldados não haviam nessa turma. Eram todos de patente.
Mas, vestiam farda verde - eram soldados. E deram nome à iguaria.
O frango do soldado.
Adriano Trinta
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