Antigamente comprava-se quase tudo a retalho na taberna (venda).
A retalho significava comprar fracionado. Não existiam ainda as práticas embalagens de hoje com pequenas quantidades. Os produtos vinham em grandes caixas, fardos ou imensos pacotes. O taberneiro fracionava livremente, na quantidade desejada pelo freguês. Litro era uma medida mais comum que kilograma e para vender os líquidos já havia uma medida própria, geralmente um copinho de pinga ou uma espécie de dosador de inox. Para produtos sólidos como sabão em barra e tabaco já havia no balcão do comércio a marcação de um metro dividido em centímetros.
Até cigarros era possível comprar por unidade.
Uma pequena lista de compras na taberna mais próxima de casa era comum ser assim:
Meio quilo de açucar;
1 litro de farinha;
100g de manteiga (o taberneiro pesava a quantidade em cima de pequenos quadradados de papel vegetal e fazia um prático embrulho enrolando as bordas);
1 cruzeiro de sabão em pedra;
1 bola de anil;
3 velas;
5 cigarros;
1 caixa de fósforos;
1 medida de azeite;
1 medida de vinagre;
100g de tabaco de corda;
200g de biscoito tobogã (equivalente às rosquinhas mabel de hoje)
e uma pedra de gelo.
Sim, meus amigos. Uma pedra de gelo. Geladeira não era para todos os bolsos. E os menos abastados que desejavam beber água ou um refresco gelado compravam uma singela pedra de gelo, fabricada em latas de leite Ninho, com água da torneira, logicamente. Por apenas alguns centavos de cruzeiro.
Bons tempos... bons tempos!
Por Adriano Trinta
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