Eita palavrinha... difícil de escrever e de suportar! Lembranças boas já me deixam nostálgico... as más então, são especialmente dolorosas. Mas, assim é a vida. Coleção de momentos que se juntam na categoria "épocas" e vão formando os ciclos. Alguns infindáveis. Às vezes por nossa vontade, outras por exatamente o inverso - a falta de. Daí vem a saudade, vontade de entrar na máquina do tempo... Ah, se existisse mesmo...
Ahá! Pó de pirlimpimpim (a benção Monteiro Lobato) e lá vamos nós!
Direto do túnel do tempo!
"Vou cavalgar por toda a noite.... por uma estrada colorida..." Não, essa viagem não é do Roberto! Aqui é a máquina do tempo do Crocodile Tech... Hum! Lembrei agora... Dos velhos tempos em Manaus, anos 80 e alguma coisa, áureos tempos da discoteca...Crocodilos Club... Era o must da época. Eu só passava pela frente. Meus parcos recursos financeiros não suportavam o investimento. Caríssimo, para meus padrões daquele tempo. Os lisos iam mesmo era nas festinhas de bairro...
Naquele tempo não havia festa boa se não tivesse o repertório das discotecas. Long Plays (LP) naturalmente, ou melhor ainda, a seleção top gravada em fitas cassete, que garantiam 60, 80 ou 90 minutos seguidos de balanço total. Era obrigatório tambem o aparato completo: sirenes, máquina de fazer fumaça, e principalmente - o indefectível jogo de luz - spots, flashs e o melhor de tudo - luz negra! Os bacanas de roupa branca, pra fazer o super efeito embaixo da luz... movimentos lentos, robóticos... davam o maior realce!
Eita, saudade!...
Foi numa festa dessas que me apaixonei pela primeira vez. Ou pela segunda...terceira...nem lembro mais! Mas lembro do lance... era festa de aniversário de uma vizinha, 15 anos. A casa da aniversariante toda equipada pela discoteca ambulante - Mikonos era o nome da discoteca móvel - muita gente, muito som, animação. Eu fantasiado de John Travolta, calça brilhante, camisa de mangas compridas meio bufantes - branca, logicamente, sapatos de verniz. E lá, embaixo da luz negra, aquela deusa morena, corpo de ninfa, cabelos de Medusa, parecia a Donna Summer dançando. Tá bom, estou exagerando... Mas, sob as luzes da discoteca e principalmente, para um adolescente ávido por uma emoção, parecia sim! E deêm um desconto para minha miopia, já por volta de -3,5 naquela idade.
Dançamos a noite inteira... ou melhor, até meia noite. Que já era bem tarde para nós naquele tempo. Eu, na minha imensa timidez, não perguntei nem o nome dela... telefone então, nem pensar! A propósito, a título de curiosidade para a galera de hoje: telefone celular não existia ainda, nem nos mais loucos devaneios de algum diretor de filme de ficção científica.
Mas, voltando à minha deusa... Perguntei sobre ela para todos que eu conhecia e estiveram na festa. Ninguém conhecia uma gatinha com as características que eu tinha na lembrança. Ninguém sabia quem era a minha Donna Summer. Já tava virando fissura, paixão platônica...
Eis que, dias depois, passando numa rua das proximidades (a pé, logicamente, como condiz a um adolescente liso) quem avisto na janela de uma casa? Era ela! Minha deusa linda morena de ébano! Aproximando-me, nervoso, suando por todos os poros... Era ela! Deusa linda morena de ébano! Mais próximo, mais nervoso ainda...chegando perto da linda morena de ébano! E agora, bem de pertinho... frente a frente com a morena de ébano...-Oi! Tudo bem? Tchau, morena!
Maldita miopia!
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