Vitrine

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Na casa do Tio Chico

Tio Chico, Madrinha Izaura e Tia Cotinha.

Irmãos de meu pai. Os três na faixa dos sessenta anos de idade. Solteirões convictos.

Moravam juntos lá no Lago do Pesqueiro. Numa típica casa amazônica, ribeirinha. Construída sobre pilares altos por causa das enchentes do rio Solimões. Lá as casas são tão altas que uma pessoa adulta passa sem problemas por baixo do assoalho.

Estas lembranças são de quando eu tinha mais ou menos 20 anos de idade. Sempre que conseguia uma folga de alguns dias ia para a  "casa do Tio Chico".

O paraíso na Terra.
 
Primeira providência ao chegar era tirar o relógio do braço. Desnecessário. Lá o tempo corre em outro ritmo. O dia realmente começa ao nascer do sol e termina ao anoitecer.
 
Acordava com o cantar do galo, com a passarinhada, com os sons da natureza saudando o novo dia.
 
Parece que estou vendo Madrinha Izaura fazendo o café no fogão à lenha, na chaleira tisnada, passado no coador de pano.
 
E o cheiro?
 
O cheiro! Não tinha igual!
 
Levava longe a notícia do melhor café das redondezas.
 
Para comer com o café, peixe frito com farinha d´agua. Fresquinho, tirado das malhadeiras que Tio Chico havia colocado à noite no lago. Tambaqui, jaraqui, pacu, cará... Ou pirarucu, que nunca falta numa casa de caboclo trabalhador.

Depois do café, Tio Chico, Tia Cotinha e Madrinha Izaura já estavam às voltas com as tarefas do dia.

Dar comida pros animais. Retirar os ovos das poedeiras. Vigiar as que estavam no choco. Espantar o jacuraru que espreitava os pintinhos. Varrer o terreiro. Buscar água no lago. Encher os potes. Pescar o almoço.

O almoço!

Por mim esperado com ansiedade.

Se Tio Chico ainda nao voltou com os peixes, que tal uma galinha?

Escolhe uma no terreiro. Corre atrás. Pega. Depena. Trata. Tempera. Cheiro-verde, tomate, cebola, pimenta de cheiro e mais um tanto de sei-lá-o-que...

Delícia!

Galinha, arroz e farinha!

À tarde, não sendo época de colheita não havia muito o que fazer além de esperar o jantar.

A natureza rege o tempo, janta-se antes do anoitecer.

Não há energia elétrica. E comer peixe com espinhas à luz de lampião é meio complicado.

O segundo maior medo de Tio Chico era engasgar com espinha de peixe.

Só perdia pro medo de ferrada de arraia.

No Lago as casas são bem distantes entre sí. Costuma-se reunir os mais próximos na casa de alguém, geralmente parentes. Vêm chegando em fila indiana. Costume indígena. Ou porque os caminhos são estreitos mesmo e sempre tem a ameaça de alguma cobra sorrateira.

As crianças inventam suas brincadeiras. Os homens se distraem numa conversa mansa na sala, à luz do lampião, sentados no chão, pitando cachimbo, cigarro de palha. As mulheres na cozinha, café na hora, bolinhos de farinha...

Por volta das oito da noite é hora de voltar pra casa. Se aquietar.

A noite é feita para o repouso no Lago do Pesqueiro.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Quando as bençãos de Deus são menores que Seu amor

Há alguns dias tive um sonho e acordei com a assertiva do título deste post.

De vez em quando ela volta à minha lembrança.

Ainda estou tentando compreendê-la.

Tem algum significado para você ?

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Geladeira a querosene e ferro de passar a carvão

Se você tem menos de três décadas de vida ou sempre morou na cidade pode achar que é  brincadeira, mas é a mais pura verdade. Existiram sim esses, como eu diria... "antepassados" dos eletrodomésticos atuais.

E nem faz tanto tempo assim.
Eu mesmo sou testemunha ocular desses engenhos.                           

Até mais ou menos três anos de idade morei no mesmo lugar onde nascí. Uma localidade chamada Lago do Pesqueiro, a duas horas de barco do município de Manacapuru, interior do estado do Amazonas. Um verdadeiro paraíso ecológico. Ainda hoje preserva o estado natural das coisas. Não há muito das invenções modernas. Nem eletricidade.

Portanto, tudo o que tiver que funcionar por lá tem que ser movido a outras fontes de energia.

O ferro de passar movido a carvão mais parecia uma pequena churrasqueira. Ferro puro. Acho que pesava uns cinco quilos!

Lembro de minha mãe e minhas tias "brigando" com um deles. Colocando o carvão já em brasas no pequeno compartimento. Soprando. Abanando. E as fagulhas subindo. Não tenho a lembrança do resultado. De como ficavam as roupas. Mas era o que havia!

A geladeira era a estrela. Movida a querosene - um combustível derivado de petróleo muito utilizado na época dos lampiões e lamparinas.

Poucos podiam ter o conforto de uma geladeira em casa. Caríssima para adquirir e mais ainda para manter. Consumia um litro de querosene por dia.

Na minha havia porque era misto de residência e comércio - um flutuante, entreposto de compra de juta e venda de gêneros de primeira necessidade. Mas essa é outra história.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Teoria de Maslow (ou Teoria Comportamental)

“Um músico deve compor,
um artista deve pintar,
um poeta deve escrever,
caso pretendam deixar seu coração em paz.
O que um homem pode ser, ele deve ser.
A essa necessidade podemos dar o nome de
auto-realização.”

Abraham Harold Maslow (1908 - 1970), psicólogo americano.

A Teoria de Maslow é também conhecida por Pirâmide de Maslow ou Hierarquia das Necessidades.

Foi desenvolvida por Abraham Maslow em 1943, e procura estabelecer uma escala de valores para as necessidades do ser humano; para isto, tais necessidades são classificadas em grupos relacionados com o sua natureza e com o grau de prioridade.

Maslow classificou as necessidades em cinco grupos, ordenando-os em forma de uma pirâmide.

Da base para o topo da pirâmide, os grupos tornam-se menos prioritários. Isto significa que as necessidades dos níveis mais baixos têm de ser atendidas para que o ser humano almeje os níveis superiores. À medida que um nível é satisfeito, a pessoa busca alcançar o nível imediatamente acima.

Uma descrição resumida de cada grupo de necessidades:

Fisiológico: reúne as necessidades básicas, associadas à fome, sede, sono, saúde, e todas as necessidades diretamente relacionadas à sobrevivência do indivíduo.

Segurança: são necessidades relacionadas com todo risco, real ou imaginário, de morte; fazem o indivíduo buscar por segurança, estabilidade, proteção, previsibilidade. Também são necessidades relacionadas com a sobrevivência.

Social: necessidades sociais estão relacionadas com a busca do indivíduo pela associação a outros indivíduos. Na medida em que o indivíduo sente-se satisfeito quanto aos aspectos fisiológicos e de segurança, passa a buscar na relações sociais, seu fortalecimento como membro da espécie.

Estima: são necessidades relacionadas ao ego. Quando as necessidades sociais são atendidas, o indivíduo passa a buscar algo mais: orgulho, auto-estima, auto-respeito, progresso, confiança, reconhecimento, apreciação, admiração etc.. Algo que o diferencie e o destaque dos demais.

Auto-realização: tais necessidades relacionam-se com a busca do indivíduo por realizar seu potencial, alcançando a auto-realização, a auto-satisfação e o auto-desenvolvimento.

Transcendência: na medida em que o indivíduo alcança sua auto-realização, passa a buscar colaborar na auto-realização de outras pessoas. Este nível não fazia parte da proposta inicial de Maslow, sendo incorporada na fase final de seus trabalhos.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Origem dos nomes dos estados do Brasil

Acre: vem de áquiri, touca de penas usada pelos índios munducurus.

Alagoas: o nome é derivado dos numerosos lagos e rios que caracterizam o litoral alagoano.

Amazonas: nome de mulheres guerreiras que teriam sido vistas pelo espanhol Orellana ao desbravar o rio. Para Lokotsch, vem de amasuru, que significa águias retumbantes.

Bahia: o nome foi dado pelos descobridores em função de sua grande enseada.

Ceará: vem de siará, canto da jandaia, uma espécie de papagaio.

Espírito Santo: denominação dada pelo donatário Vasco Fernandes Coutinho que ali desembarcou em 1535, num domingo dedicado ao Espírito Santo

Goiás: do tupi, gwa ya, nome dos índios guaiás, gente semelhante, igual.

Maranhão: Do tupi, mba’ra, mar, e nã, corrente, rio que semelha o mar, primeiro nome dado ao rio Amazonas.

Mato Grosso: o nome designa uma região com margens cobertas de espessas florestas, segundo antigos documentos.

Minas Gerais: o nome deve-se às muitas minas de ouro espalhadas por quase todo o estado.

Pará: do tupi, pa’ra, que significa mar, designação do braço direito do Amazonas, engrossado pelas águas do Tocantins.

Paraíba: do tupi, pa’ra, rio, e a’iba, ruim, impraticável.

Paraná: do guarani pa’ra, mar, e nã, semelhante, rio grande, semelhante ao mar.

Pernambuco: do tupi, para’nã, rio caudaloso, e pu’ka, gerúndio de pug., rebentar, estourar. Relativo ao furo ou entrada formado pela junção dos rios Beberibe e Capibaribe.

Piauí: do tupi, pi’au, piau, nome genérico de vários peixes nordestinos. Piauí é o rio dos piaus.

Rio de Janeiro: o nome deve-se a um equívoco: Martim Afonso de Souza descobriu a enseada a 1º de janeiro de 1532 e a confundiu com um grande rio.

Rio Grande do Norte: derivado do rio Potengi, em oposição a algum rio pequeno, próximo, ou ao estado do Sul.

Rio Grande do Sul: vem do canal que liga a lagoa dos Patos ao oceano.

Rondônia: o nome do estado é uma homenagem ao marechal Rondon.

Santa Catarina: nome dado por Francisco Dias Velho a uma igreja construída no local sob a invocação daquela santa.

São Paulo: denominação da igreja construída ali, pelos jesuítas, em 1554 e inaugurada a 25 de janeiro, dia da conversão do santo.

Sergipe: do tupi, si’ri ü pe, no rio dos siris, primitivo nome do rio junto à barra da capitania.

Tocantins: nome de tribo indígena que habitou as margens do rio. É palavra tupi que significa bico de tucano.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Sonhar não custa nada

Numa rua do comércio, ao anoitecer, um homem contempla a vitrine de uma loja de lingeries. Inerte... absorto... hipnotizado... Alheio ao azáfama à sua volta, em que estaria pensando em seu devaneio? Seu olhar denuncia a lascívia, quimeras de luxúria e prazer! Estaria a imaginar aquela lingerie negra e diáfana no corpo de uma formosa mulher? Quem irá saber ?

Apenas o lapso de um sonho e o homem se vai. Sujo e maltrapilho, carregando um saco onde recolhe toda a sorte de sobejo alheio. Levando nos ombros o peso de uma vida miserável e nos olhos a ventura de um sonho. Sonhar não custa nada.

Adriano Trinta

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Dizem que esse barbeiro é a minha cara

Arte do Antônio Márcio.



Figo

Em uma cidadezinha do interior havia uma figueira carregada dentro do cemitério. Claro que ninguém tinha coragem de ir lá pegar os figos. De dia tinha a guarda e a noite..........quem é que tinha coragem?

Dois amigos destemidos decidiram entrar lá à noite (quando não havia vigilância) e pegar todos os figos. Eles pularam o muro, subiram a árvore com as sacolas penduradas no ombro e começaram a distribuir os figos.

- Um pra mim, um pra você.

- Um pra mim, um pra você.

- Pô, você deixou cair dois do lado de fora do muro!

- Não faz mal, depois que a gente terminar aqui pega os outros.

- Então tá bom, mais um pra mim, um pra você.

Um bêbado, passando do lado de fora do cemitério, escutou esse negócio de 'um pra mim e um pra você' e saiu correndo para a delegacia.

Chegando lá, disse para o policial:

- Seu guarda, vem comigo! Deus e o diabo estão no cemitério dividindo as almas dos mortos!

- Ah, cala a boca bêbado.

- Juro que é verdade, vem comigo.

Os dois foram até o cemitério, chegaram perto do muro e começaram a escutar...

- Um para mim, um para você.

O guarda assustado:

- É verdade! É o dia do apocalipse! Eles estão mesmo dividindo as almas dos mortos! Foi quando escutaram......

- Pronto, acabamos aqui. E agora?

- Vamos pegar aqueles dois que tão do lado de fora, um é meu e o outro é teu.......

- Cooooorreeeee!!!!!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Viagens & Imagens

Centenas de fotos, dicas turísticas e informações úteis para quem viaja e um deleite para quem não vai viajar. Mais de 300 videos no Youtube e centenas de fotos em alta definição no Flickr.

Cidades das Américas, da Europa, lugares exóticos ou pouco conhecidos, estados americanos, castelos e palácios, cidades e lugares do Brasil...

Entre no Viagens & Imagens e confira!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Buldogue

Quem nao conhece alguém do tipo Débi e Lóide? Desses que por mais que se esforcem só fazem asneiras? Conheço um assim. Estudamos no mesmo colégio desde o primeiro ano até a formatura. Anos de amizade e leseira do Chiquinho. Era esse o nome da fera.


Quando começamos a estudar ele já tinha uma cicatriz no canto esquerdo da boca. Contou que estava brincando com o cachorro de estimação, foi "dar língua" e o cachorro o mordeu.

Imediatamente pegou o apelido de "Buldogue".

Um dia, estávamos esperando aula de educação física sentados num muro ao lado do campo de futebol. Mais ou menos uns vinte meninos, num muro de uns três metros de altura. Alguém do campo de futebol deu um bicão e a bola pegou em quem? No Buldogue. Bem na boca do estômago. Caiu estatelado no chão.

Noutro dia Buldogue chegou com a boca toda queimada. Teve dor de dente, foi colocar um anestésico chamado "passa-já", derramou o vidro todo na boca sem querer.

Outra vez, escondeu-se atrás do armário da escola pra assustar uma garota. Quando ela passou ele latiu. Realmente assustou a menina. E no susto ela deu-lhe um soco sem querer. Buldogue muitos dias de olho roxo.

Na escola havia uma brincadeira de roubar as canetas uns dos outros. Quanto mais canetas roubadas, mais moral com a turma. O Buldogue era especialista. O mais finório. O campeão. Inclusive, de manchas azuis no uniforme branco. Ele sempre roubava canetas que estouravam no seu bolso. E tomava advertências por isso.

Mas o pior era andar na companhia do Buldogue. Ele sempre arrumava confusão.

Já adolescentes, fomos eu e ele numa festa junina na igreja de um bairro vizinho ao nosso. Buldogue, metido a gente grande, bebeu uma garrafa de cerveja no gargalo pra impressionar umas garotas que estavam na paquera. Terminou, jogou a garrafa por cima de uma mureta (acho que ele tinha visto isso em algum filme de faroeste). A garrafa pegou em alguém do outro lado. Veio uma turma de mais de dez pra "apurar os fatos". Foi preciso muita diplomacia pra não apanhar até dizer chega.

De outra vez, estávamos em turma sentados na calçada, esperando carona pra ir pra uma festa. Passou um carrão cheio "filhinhos de papai" e de zoação tascaram ovos na gente. Buldogue não gostou, levantou, xingou e deu cotoco. Os caras deram meia volta no carro e pararam com um revólver na cara do Buldogue.

Humilharam, tiraram onda à vontade e foram embora.

Com o susto, Buldogue borrou-se todo!

Era melhor ter ficado sujo só de ovo...

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Vírgula

Vírgula pode ser uma pausa... ou não.
Não, espere.
Não espere.
Ela pode sumir com seu dinheiro.
23,4.
2,34.
Pode ser autoritária.
Aceito, obrigado.
Aceito obrigado.
Pode criar heróis.
Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.
E vilões.
Esse, juiz, é corrupto.
Esse juiz é corrupto.
Ela pode ser a solução.
Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.
A vírgula muda uma opinião.
Não queremos saber.
Não, queremos saber.
Uma vírgula muda tudo.
Agora pontue a frase abaixo:

SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER ANDARIA DE QUATRO À SUA PROCURA.

Se você for mulher, certamente colocou a vírgula depois de MULHER.
Se você for homem, colocou a vírgula depois de TEM.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Rola-rola

Poucas crianças hoje brincam ou conhecem o rola-rola, muito comum no meu tempo de menino. Brinquedo de custo zero, fácil de fazer. Um pedaço de tábua e um cilindro. Diversão garantida por horas.
Na imaginação fértil dos pirralhos isso virava skate, prancha de surf e outras viagens mais.

Tenho até hoje as marcas dessa brincadeira. E não são marcas na lembrança. São na canela mesmo!

Estava um dia na casa de um colega, onde íamos sempre em grupo para estudar. Estudos terminados, tempo sobrando, hora de brincar... Montamos um rola-rola em cima de um grande pilão que havia no quintal, ficou mais ou menos a meio metro de altura.

Maior diversão, disputas de quem ficava mais tempo, quem ia mais rápido, etc...

Minha vez! Num lapso (em bom amazonês: numa leseira), escorreguei e caí de canela em cima do pilão. Putz! Doeu, bicho! Dói até hoje quando eu lembro!

Mas o pior estava por vir. Fui pra casa com a perna já inchando. Não contei pra minha mãe com medo de levar uma surra por ter saído pra estudar e voltado com a perna naquele estado.

Passaram-se os dias... E minha perna inchando e mudando de cor a cada dia... Indo gradualmente do vermelho-crepúsculo para o céu-em-noite-sem-lua, com direito a tonalidades em azul, verde, roxo...

E eu com mais medo ainda de contar pra minha mãe! Ia pra escola, voltava e não tirava a calça comprida do uniforme. Disfarçava perto dela pra não mancar. Doía pacarai...

Mas, felizmente mãe é mãe! Muitos dias depois ela percebeu que havia algo errado e me fez tirar a calça comprida. Quase teve um treco quando viu minha perna, já parecendo uma imensa mandioca. Disforme, inchada, dura e escura.

Cuidou de mim. Curou minha perna.

Por sorte não fiquei com nenhuma sequela mais grave.

Só não sinto até hoje minha canela direita.

Bom pra jogar futebol!


sábado, 6 de fevereiro de 2010

O Velho do Saco

Acho que toda criança em algumas fases do desenvolvimento  tem medo de alguma coisa. Bicho-papão, mula-sem-cabeça, saci-pererê e tantas outras lendas do imaginário popular que alguns adultos beócios acham divertido povoar na mente dos pequeninos. Eu tive muitos medos particulares. De índio, de soldado, da velha que virava porca, da maria bá-bá-bá... E principalmente,  do velho do saco!


O "monstro" daquele tempo seria uma figura comum nos dias de hoje, um morador de rua. Vivia perambulando pelo bairro, maltrapilho, sempre com um saco de estopa nas costas, onde ele colocava todo objeto que encontrava no lixo e que julgava interessante. Não sei por qual razão, pois naquela época nem se falava em reciclagem de lixo.

Para aterrorizar diziam que o velho pegava as crianças desobedientes ou que encontrava na rua e colocava naquele saco. Que levava pra casa e fazia sabão pra vender, mas somente as gordinhas. As magrinhas ele cozinhava e comia. Eu era bem magrelinho... Pensem num medão!

Adriano Trinta


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Meu primeiro carro


Diferente da maioria das pessoas de minha época, meu primeiro carro não foi um fusca. Nada contra o besouro, tive muitos e muitos fuscas no decorrer dos anos. Mas, por uma questão de oportunidade comecei com um Passat.

Para um jovem de 20 anos de idade, ter um Passat era equivalente a hoje ter um Honda Civic. Tudo muito maravilhoso, se eu tivesse usufruído do bem.

Foi assim:

Em 1983 fui aprovado num concurso público e comecei no meu primeiro emprego "de verdade". Num banco estatal, carteira assinada, bom salário, lugar cobiçado numa época em que ser bancário era sinônimo de status profissional.

Uns três meses depois, um colega do trabalho, bem mais velho ( e muito mais sabido que eu), anunciou que estava vendendo um carro, "um Passat GLS, branco,  ano 1979, modelo 1980, lataria 100%, motor jóia-jóia, caixa de marcha OK, todo documentado perante o Detran, dois pneus novos e dois meia-vida, carro de mulher". Pirei o cabeção. Eu tinha que comprar aquele carro.

Não lembro mais o preço do carro, nem adiantaria eu falar aqui porque era outra moeda vigente no Brasil. Só sei que catei o dinheiro que tinha e o que não tinha, meu e da família; e ainda fiz um empréstimo na caixa de assistência pecuniária do banco, pra pagar em muitos meses descontando no meu salário.

Comprei o carro!

Que felicidade! Que felicidade!

Detalhe: eu ainda não sabia dirigir... o vendedor, mui amigo, foi me levar em casa no meu carro novo!

Em casa o primeiro problema: não havia garagem! Às pressas, quebramos parte da cerca improvisando uma entrada para o carro não dormir ao relento (naquele tempo já havia roubos de carro sim).
Passei a noite admirando o carro, dormi dentro dele, com o toca-fitas ligado, curtindo minha grande conquista...

Ao amanhecer, um problema: bateria descarregada, nem sinal na ignição... eu começava a ver o lado negro de ter adquirido um carro usado sem o menor conhecimento de causa e sem pedir ajuda aos universitários.

Esse foi apenas o primeiro de uma série de dissabores.

A única vez que o carrão saiu da "garagem", pelas mãos de um amigo que sabia dirigir, foi para ir a uma oficina fazer o que eu deveria ter feito antes de compra-lo. Avaliar os problemas. Muitos. Inúmeros. Tantos, que eu nao me animei a consertar. O carro voltou para casa do mesmo jeito que foi. Empurrado pra pegar no tranco, sem freio, carburador falhando, marchas pulando, escapamento dando tiros... Uma bateria de escola de samba ambulante...

Desanimado, endividado, aporrinhado, coloquei anúncio nos classificados. Preço bem abaixo do que eu havia comprado.

Vendi o carro no primeiro dia de anúncio. Um domingo. Eu morava na Estrada da Ponta Negra, balneário muito frequentado em Manaus. À tardinha, um cidadão voltando do banho, acho que meio embriagado, viu o carro, pechinchou mais ainda o preço e levou o carro na hora.

Que felicidade! Que felicidade!

Poucos dias depois, recebí no meu trabalho a visita do feliz comprador do Passat. Irado. Bufando pelas ventas porque o carro tinha "batido" motor. Exigiu que eu aceitasse o carro de volta ou devolvesse metade do dinheiro que ele havia me dado. A terceira opção era entrar na porrada.

Devolví metade do dinheiro!

Livros grátis

Você conhece o  Portal Domínio Público ?

Lançado em novembro de 2004 (com um acervo inicial de 500 obras), propõe o compartilhamento de conhecimentos de forma equânime, colocando à disposição de todos os usuários da rede mundial de computadores - Internet - uma biblioteca virtual que deverá se constituir em referência para professores, alunos, pesquisadores e para a população em geral.

Tem como principal objetivo o de promover o amplo acesso às obras literárias, artísticas e científicas (na forma de textos, sons, imagens e vídeos), já em domínio público ou que tenham a sua divulgação devidamente autorizada, que constituem o patrimônio cultural brasileiro e universal.

No site você escolhe as obras por tipo de mídia, categoria, autor, título e idioma. É possível encontrar obras de autores como Dante Alighieri, William Shakespeare, Fernando Pessoa, Machado de Assis , José Saramago, Oscar Wilde, Franz Kafka, Alexandre Dumas Filho, José de Alencar e muitos outros.

Vale a pena conferir! Portal Domínio Público

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Atendendo ao telefone na empresa


  • Ao atender ao telefone, diga seu departamento e seu nome. Em seguida, cumprimente quem está chamando com "Bom dia", "Boa tarde" ou "Boa noite".
  • Procure não deixar o interlocutor esperando por mais de um minuto. Caso seja inevitável, pergunte se ele pode esperar pelo tempo necessário.
  • Por mais antipático que o interlocutor possa ser, seja sempre gentil.
  • Se a ligação for para outra pessoa que não puder atender na hora, pergunte se pode retornar a ligação em dez minutos, ou quando a pessoa puder. Anote nome, empresa e número de telefone de quem chamou. Cumpra a promessa que fez ao dizer que ia retornar a ligação, mesmo que seja apenas para dizer que a pessoa está com a agenda cheia naquele dia e que só poderá atender ao interlocutor em outra ocasião.
  • Se a pessoa pedir para segurar a ligação por alguns minutos, evite fazer fofocas ou ficar conversando com outras pessoas enquanto o interlocutor aguarda na linha.
  • Se o interlocutor perguntar "Como vai?", não leve a pergunta ao pé da letra. Diga apenas "Bem, obrigada(o)", mesmo que naquele dia o mundo tenha caído para você. 
  • "Quem deseja?" e "Quem gostaria?" são perguntas indevidas e feias para atender ao telefone. Prefira a frase "Quem quer falar?".
  • Nunca diga que a pessoa não está depois de perguntar quem quer falar. Primeiramente, informe que a pessoa não está, depois pergunte o nome de quem quer falar com ela.
Matéria extraída de Carreira & Sucesso - 192ª Edição

Autor do artigo: Raul Simonsen Stolf é profissional de Marketing formado em Administração pela USP, com especialização em Marketing pela ESPM e experiência nas áreas Financeira, Marketing e Recursos Humanos de diversas empresas .

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Não coma camarão quando ingerir Vitamina C

Inaugurando a série: Yo no creo en las brujas...

Em Taiwan, uma mulher morreu de repente com sinais de hemorragia em seus ouvidos, nariz, boca e olhos. Depois de uma autópsia preliminar, foi diagnosticado como "causa mortis" envenenamento por arsênico. Mas qual foi a origem do arsênico ?

A policia, então, iniciou uma profunda e extensa investigação. Um professor de medicina foi  convidado para ajudar a resolver o caso.

O professor cuidadosamente examinou os restos existentes no estômago da vítima, e, em menos de meia hora, o mistério foi elucidado. O professor disse: " O óbito não se deu por suicídio nem por assassinato, a vítima morreu acidentalmente por ignorância ! "

Todos ficaram intrigados, por quê morte acidental? O arsênico ataca os militares americanos que transportam mudas de arroz  H Gao. O professor disse: " O arsênico foi produzido no estômago da vítima". A vítima tomava Vitamina C todos os dias, que por si só não é nenhum problema. O problema é que ela comeu uma quantidade grande de camarão no jantar. Comer camarão não foi o problema, já que nada aconteceu à sua família que também comeu do mesmo camarão. Entretanto, na mesma ocasião, a vítima também tomou Vitamina C; é aí onde reside o problema.

Pesquisadores da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, descobriram através de experiências, que alimentos, como camarão "casca mole" contem alta concentração de compostos de 5-potassio-arsenico.

Tais alimentos frescos, por si só, não são tóxicos para o corpo humano! Entretanto, ao ingerir a Vitamina C, devido a uma reação química, o inicialmente não-tóxico 5-potassio-arsenico (como anidrido também conhecido como óxido arsênico, As2 O5 ) se converte no tóxico 3-potassio-arsênico (ADB anidrido arsênico), também conhecido como trióxido de arsênio (As2 O3), que é popularmente conhecido como
arsênico !

O venenoso arsênico faz parte do magma e causa paralisia nos pequenos vasos sangüíneos, "mercapto Jimei" ??, inibindo a atividade do fígado e produzindo a necrose da gordura ataca os lobos hepáticos, coração, rins, produz congestão intestinal, necrose das células epiteliais, telangiectasia. Portanto, quem morre envenenada pelo arsênico apresenta sangramento dos ouvidos, nariz, boca e olhos.

Dessa forma, como medida de precaução, NÃO coma camarão quando ingerir Vitamina C.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Reminiscências... Ou, direto do túnel do tempo

Eita palavrinha... difícil de escrever e de suportar! Lembranças boas já me deixam nostálgico... as más então, são especialmente dolorosas. Mas, assim é a vida. Coleção de momentos que se juntam na categoria "épocas" e vão formando os ciclos. Alguns infindáveis. Às vezes por nossa vontade, outras por exatamente o inverso - a falta de. Daí vem a saudade, vontade de entrar na máquina do tempo... Ah, se existisse mesmo...

Ahá! Pó de pirlimpimpim (a benção Monteiro Lobato) e lá vamos nós!

Direto do túnel do tempo!

"Vou cavalgar por toda a noite.... por uma estrada colorida..." Não, essa viagem não é do Roberto!  Aqui é a máquina do tempo do Crocodile Tech... Hum! Lembrei agora... Dos velhos tempos em Manaus, anos 80 e alguma coisa, áureos tempos da discoteca...Crocodilos Club... Era o must da época. Eu só passava pela frente. Meus parcos recursos financeiros não suportavam o investimento. Caríssimo, para meus padrões daquele tempo. Os lisos iam mesmo era nas festinhas de bairro...

Naquele tempo não havia festa boa se não tivesse o repertório das discotecas. Long Plays (LP) naturalmente, ou melhor ainda, a seleção top gravada em fitas cassete, que garantiam 60, 80 ou 90 minutos seguidos de balanço total. Era obrigatório tambem o aparato completo: sirenes, máquina de fazer fumaça, e principalmente - o indefectível jogo de luz - spots, flashs e o melhor de tudo - luz negra! Os bacanas de roupa branca, pra fazer o super efeito embaixo da luz... movimentos lentos, robóticos... davam o maior realce!

Eita, saudade!...

Foi numa festa dessas que me apaixonei pela primeira vez. Ou pela segunda...terceira...nem lembro mais! Mas lembro do lance... era festa de aniversário de uma vizinha, 15 anos. A casa da aniversariante toda equipada pela discoteca ambulante - Mikonos era o nome da discoteca móvel - muita gente, muito som, animação. Eu fantasiado de John Travolta, calça brilhante, camisa de mangas compridas meio bufantes - branca, logicamente, sapatos de verniz. E lá, embaixo da luz negra, aquela deusa morena, corpo de ninfa, cabelos de Medusa, parecia a Donna Summer dançando. Tá bom, estou exagerando... Mas, sob as luzes da discoteca e principalmente, para um adolescente ávido por uma emoção, parecia sim! E deêm um desconto para minha miopia, já por volta de -3,5 naquela idade.

Dançamos a noite inteira... ou melhor, até meia noite. Que já era bem tarde para nós naquele tempo. Eu, na minha imensa timidez, não perguntei nem o nome dela... telefone então, nem pensar! A propósito, a título de curiosidade para a galera de hoje: telefone celular não existia ainda, nem nos mais loucos devaneios de algum diretor de filme de ficção científica.

Mas, voltando à minha deusa... Perguntei sobre ela para todos que eu conhecia e estiveram na festa. Ninguém conhecia uma gatinha com as características que eu tinha na lembrança. Ninguém sabia quem era a minha Donna Summer. Já tava virando fissura, paixão platônica...

Eis que, dias depois, passando numa rua das proximidades (a pé, logicamente, como condiz a um adolescente liso) quem avisto na janela de uma casa? Era ela! Minha deusa linda morena de ébano! Aproximando-me, nervoso, suando por todos os poros... Era ela! Deusa linda morena de ébano! Mais próximo, mais nervoso ainda...chegando perto da linda morena de ébano! E agora, bem de pertinho... frente a frente com a morena de ébano...-Oi! Tudo bem? Tchau, morena!

Maldita miopia!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

A primeira vez

Olha, da primeira vez que eu estive aqui/Foi pra me distrair/Eu vim em busca de amor ...
Grande Odair José! Renascido das cinzas na balada dos Los Hermanos... Estava pensando o que iria colocar no meu primeiro post e me veio essa música à cabeça... então tá, lá se foi...
Porque um blog? Pra falar, ué! Já não há muitos ouvidos dispostos a escutar minhas histórias... então, um blog! Sempre haverá um desocupado distraído que virá parar aqui...rsrsrs.