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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Minha primeira professora


Ela chamava-se Iaciara. Nome de origem tupi-guarani que significa água da lua ou reflexo da lua. Hoje eu sei disso, mas na época, para o menino de tenra idade, Iaciara era sinônimo de mulher mais linda do mundo. E linda ela era mesmo, recordo perfeitamente. Alta, branca, esbelta, cabelos loiro-escuro emoldurando um rosto perfeito onde detrás dos óculos sobressaiam-se duas safiras que faziam as vezes de um par de olhos. Nunca vi olhos tão azuis, sedutores. Ainda lembro do efeito hipnótico que causavam em mim.

Mas como não lembrar? Foi minha primeira professora e não escapei à regra, foi também minha primeira paixão. Não posso dizer que ensinou-me as primeiras letras, porque entrei na escola aos nove anos de idade e já sabia ler, escrever e toda a tabuada de cor. Mas com ela aprendi a fantasiar... Ou melhor, "por ela", visto que a fantasia era só minha. Eu não perdia uma aula sequer. Aluno assíduo, ia à escola até mesmo estando doente. Detestava os feriados e finais de semana. Minha mãe ficava muito contente com essa minha dedicação aos estudos.

No mês de dezembro vieram as férias. O término do ano letivo apartou-me da minha grande paixão. Difícil foi acostumar no ano seguinte com outra professora.

Por Adriano Trinta

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