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sexta-feira, 19 de março de 2010

A sétima cavalaria veio de fusca

Eu tinha mais ou menos uns 15 anos. Neófito na arte da conquista amorosa. Todas as tardes, a caminho da quadra de voleibol passava em frente a uma sorveteria onde ficava uma menina que eu paquerava.

Paquera de principiante. Sorriso de leso na cara. Um aceno. Coisas assim. Era só o que a timidez me permitia fazer na época.

E era correspondido. Muitos dias nessa brincadeira. Toda tarde, paquerinha e voleibol.

Mas, pra complicar um pouco, a menina era também pretendida por um gangueiro do pedaço. O temido Dentinho. Chefe de uma turma que não fazia nada na vida. Passavam o dia no campo de futebol, que ficava ao lado da nossa quadra de volei, treinando karatê, jiu-jitsu, fumando maconha e outras coisas mais.

Em pouco tempo Dentinho soube que sua pretendida estava sendo cortejada por mim.

Tragédia à vista!

Certa tarde, após o volei diário, tomei o rumo de casa. Sozinho. Por uma rua que de certo ponto em diante era erma, poucas casas, muito mato, nenhum movimento.

No que estou exatamente nesse pedaço desabitado me vejo cercado por Dentinho e sua turma. Algo assim em torno de uns dez desocupados, com cara de poucos amigos, balançando seus nuntchacos e mostrando os socos-ingleses nos punhos.

Nossa Senhora,  pensei! Tou morto!

Dentinho exigindo satisfações, nem lembro mais o que eu balbuciei em resposta. Nunca tive vocação pra super herói.

Mas, de repente, como por um milagre, eis que surge a sétima cavalaria para me salvar!

Vindo à toda velocidade, levantando poeira na rua de cascalho, um reluzente fusca bege. Parou. E dele saiu uns dois times de voleibol, meus companheiros que me viram sair sozinho e viram a turma do Dentinho seguindo à minha caça.

Surgiu até arma de fogo de dentro do fusca.

Salvo pelo gongo!

Aprendi a lição. Nunca mais paquerei mulher de bandido!

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