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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Futebol amador

Mas bem amador mesmo. Futebol de várzea na acepção da palavra, à margem do rio Solimões, numa localidade do interior do Amazonas.

Eu só queria assistir e dar boas risadas. Mas, em deferência especial ao visitante, fui intimado à participar da domingueira como jogador. Nem adiantou argumentar que quando menino eu só era chamado pra jogar no gol e ainda assim porque a bola era minha.

Os dois times, devidamente uniformizados,  lembravam muito o Tabajara F.C. - um time de futebol fictício, criado pelos humoristas do Casseta & Planeta. Só faltava a vaca. Dentro de campo, porque ao redor havia um rebanho pastando tranquilamente.

E a bola rolou. Em metáfora. Campo irregular, gramado aparado pelas cabras e bodes que tomavam conta do pedaço nos outros dias da semana, tornava-se impossível qualquer tentativa de bom futebol. Melhor dizer "e começou a peleja".

Eu em campo, zagueirão, fui incumbido de marcar o Fantico - atacante estilo "Patrol" que sabia usar muito bem a lei da vantagem. A seu favor, logicamente, dado seu porte físico de estivador do cais do porto.

Na primeira bola dividida, Fantico já apresentou suas credenciais. Pelas regras locais, abaixo do pescoço era tudo canela. Contei quantas travas tinha a chuteira de Fantico e pedi arrego, que de doido eu só tenho o jeito.

Substituição seu juiz! Sai o visitante, entra a vaca, que pelo menos tem quatro pernas. Eu só tenho essas duas e pretendo voltar com elas.

Por Adriano Trinta

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