O nome dela era derivado do nome da primeira mulher, do pecado original. E Evanira era mesmo a encarnação do pecado. Tinha o poder de atrair olhares, de virar cabeças, de revirar pensamentos e vidas alheias.
Descendente de etnia afro, luzia em seu olhar a nobre e orgulhosa altivez de seus ancestrais. Em seu sorriso o prazer de reinar soberana na libido dos homens e quiçá também de mulheres, atraídos pelo feitiço dos lábios carnudos que faziam promessas sem dizer palavra.
Dançando estendia seu reino além da imaginação. Dançava qualquer ritmo. Dançava até sem música, posto que seu andar já era um bailado. Corpo escultural, o menear dos quadris era sua estratégia de ataque, sua arma fatal. Movimentos hipnóticos. Era a própria Salomé enredando Herodes Antipas. Qual mortal não haveria de sucumbir à tentação ?
Por Adriano Trinta
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