Meu primeiro animal de estimação foi um cachorro, o Bife. O nome foi sugerido por quem me presenteou, o Beiçola, amigo da família que tinha esse apelido por razões óbvias. Acho que o Beiçola escolheu a raça do cachorro à sua imagem e semelhança. Era um filhote de bulldog legítimo, da cara toda enrugada e beiçudo.
Era um bom cachorro. Não reclamava de nada. Nem de comer constantemente só feijão de praia com farinha dágua. O bichinho tava ficando uma lindeza. Baixinho, roliço, com o buchinho parecendo uma bola.
Mas, o Bife não ficou muito tempo lá em casa. Certo dia não amanheceu no quintal. Foi sequestrado. Dia seguinte ao desaparecimento recebi uma carta dos sequestradores, escrita com letras recortadas de revistas. Pediam 150 bolinhas de gude, das quais 5 deveriam ser ponteiras - bolas grandes - e 10 colombianas - bolas multicoloridas, dificílimas de encontrar. Pior, exigiam também um "Pelé" - a figurinha mais difícil do álbum "México 70". Não tive recursos para pagar esse resgate altíssimo e nunca mais vi o Bife.
Por Adriano Trinta
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