Vitrine

sábado, 30 de outubro de 2010

Pra minhoca ficar dura

O avô observa o neto brincando no quintal e vai perguntar o que ele está fazendo.O neto diz:

- Enfiando as minhocas de volta para a toca delas...

- E como é que você consegue, meu neto? O bicho é todo molenguento !

- É segredo vovô!

- Te dou dez reais para você me ensinar a fazer isso.

- Bem eu passo cola de madeira, estico a minhoca, espero secar até ficar dura... e aí é só colocar no buraco.

- Toma os dez reais...

No dia seguinte o avô chega para o neto, tira cem reais do bolso e dá pro neto..

- Tá ficando esquecido, vô? O senhor já me deu os 10 reais.

- Eu sei. Esses 100 foi a tua vó quem mandou !

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Manacapuru - Terra dos Guerreiros Mura

A Cidade de Manacapuru é conhecida como a Princesinha do Solimões.

Manacapuru é uma palavra de origem indígena derivada das expressões Manacá e Puru. Manacá (Brunfelsia hospeana) é uma planta brasileira das dicotiledôneas, da família solanaceae que significa, em tupi, Flor. Puru, da mesma origem, quer dizer enfeitado, matizado. Em função disso, Manacapuru na língua indígena tupi quer dizer “Flor Matizada”.

Os fundamentos da história da Cidade de Manacapuru estão ligados à aldeia dos Índios Mura, que aqui se estabeleceram no século XVIII. Os muras descendentes das tribos Tupi, aos poucos foram tendo sua população reduzida, devido aos ardorosos combates travados com as expedições portuguesas. Este fato aliado a outros, levaram o grupo a migrar. Passaram por localidades como Conceição e Pesqueiro, até se estabelecerem na Feitoria de Pesca, localizada no Rio Manacapuru. Ali não ficaram muito tempo e foram obrigados a subir até a foz do lago Manacapuru, à 14 léguas da foz do Rio Solimões.

A cidade está assentada na margem esquerda do Rio Solimões. O seu nome foi sempre o mesmo, desde sua origem até o momento atual. Além dessas características, que transformam a princesinha num refúgio agradável à população local, bem como para milhares de turistas que a visitam durante os 365 dias do ano, em função de seus atrativos culturais como a Ciranda, hoje conhecida nacionalmente, as festas de Santo Antônio, do Bodó, da Juta, o Balneário do Miriti, Paraíso D’Ângelo, Evanstour, Mundo Amazônico, Orla do Miriti, a Reserva do Piranha com seu projeto de Ecoturismo, pioneiro no desenvolvimento sustentável, são outras atrações que proporcionam uma paisagem de rara beleza.

Com uma população de 82.309 habitantes, segundo o Censo - IBGE 2007, Manacapuru traz consigo a beleza, o encanto, a determinação e a bravura dos índios Muras. Fundadores, juntamente com os portugueses, do povoado de Manacapuru.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Merenda escolar

A garotada da minha época estudava toda em escola pública. Não lembro de nenhum conhecido que estudasse em escola particular. Éramos todos da mesma classe social - a base da pirâmide - e estudávamos numa das três escolas públicas das redondezas, em Manaus. Estudei no Fueth Paulo Mourão, que a turma rotulava de "entra burro e sai ladrão" e depois no Castelo Branco "entra andando e sai manco". Pior era quem estudava no Zulmira Bittencourt (a rima aqui está proibida).



A hora da merenda era uma festa. Nas escolas havia a cantina oficial, pouco frequentada devido à pequena variedade e principalmente aos preços. Lanche gostoso mesmo era na feirinha dos vendedores ambulantes que estabelecia-se diariamente na calçada da escola. A clientela comprava pelas grades do portão.

Tinha o vendedor de pastel - de carne, de queijo e misto - com um molho caseiro de pimenta que não havia igual. Ao lado dele ficava o vendedor de sonhos - de creme e de doce de leite. Entre os dois reinava o Seu Pedro, com sua imensa caixa de isopor cheia de totó - o mesmo que dindin ou sacolé - que podia ser congelado ou não. Também tinha o vendedor de quebra-queixo - doce de castanhas caramelado que grudava nos dentes, e o infalível vendedor de balas. Também tinha lugar cativo o vendedor de cascalhos - algo parecido com uma grande casquinha de sorvete sem o sorvete, acondicionados numa espécie de tambor de lata. O "cascalheiro" chamava sua freguesia tocando um triângulo de ferro, desses de trio nordestino. Delícias que faziam a farra da garotada e dos dentistas depois.

Mas o que eu gostava mesmo era da merenda escolar gratuita. Um mingau que não sei dizer do que era feito, só sei que era muito bom. Nem mesmo os tapurus de trigo que vez ou outra nadavam no caneco de mingau tiravam o sabor delicioso. Quando a gente encontrava um, tirava fora e tomava o resto. Lambendo os beiços.

Por Adriano Trinta

domingo, 24 de outubro de 2010

Sandálias chinesas

Um casal está de férias em Macau . Passeando pela zona do mercado, a ver as coisas que por lá se vendem, passam por uma pequena loja de calçado, mais propriamente de sandálias, e ouvem uma voz lá de dentro num linguajar meio por meio, a dizer:

- Vocês, estlangeilos! Entlem, entlem na minha humilde loja!

O casal entra na loja e o chinês diz-lhes:

- Tenho aqui umas sandálias especiais que penso que estalão intelessados. Elas fazem ficale selvagem no sexo que nem um glande camelo do deselto, quem as calçal ficalá maluco.

A esposa, mostra-se curiosa e interessada. O marido não se interessa nada por elas, mas por descargo de consciência pergunta ao homem:

- Como é que estas sandálias nos tornam muito mais activos sexualmente?

O Chinês explica:

- É só explimentale...

O marido depois de discutir um pouco com a mulher, cede e displicentemente experimenta-as. Calça as sandálias e imediatamente ganha um olhar selvagem, algo que a mulher não via há muitos anos. Era o poder sexual cru e nu! Num piscar de olhos, o marido corre para o Chinês, atira-o para cima da mesa rasga-lhe as calças e... o Chinês começa a berrar:

- Calçou ao contlálio!!! ... Calçou ao contlálio!! ! .... Calçou ao contlááááááliio!!!!!!

sábado, 23 de outubro de 2010

Diário de uma doméstica



'Hoje de manhã eu fui à feira. Antes de sair, meu patrão me pediu pra mim trazer figo.

Aí eu perguntei:

- Figo fruta ou bife de figo?

- O home ficou uma fera.

Gente fina, seu Adamastor, num ligo não.

Ele tem sistema nervoso. Também, com um emprego chato daqueles, vou te contar.
Ele é Fiscal da Receita. Deve ser um saco ficar conferindo receita de médico o dia inteiro.

Depois chegou o Adamastorzinho, o filho mais novo deles. Acabou de ganhar um carro todo equipado. Tem roda de maionese, farol de pilha, teto ensolarado e trio elétrico. Não sei por que trio elétrico num carro deve ser porque ele gosta de música baiana.

Aproveitando a ausência dos patrões, Dircinéia pega o telefone e fofoca com a amiga Craudete:

- Cê num sabe da úrtima? Eu discubri que aqui nessa mansão que eu trabaio é tudo fachada!

- Como assim, Dircinéia ? - pergunta a colega, confusa.

- Nada aqui é dos patrão ! Tudo é imprestado! TUDO! Cê cridita numa coisa dessas ? Óia só: a rôpa que o patrão usa é dum tal de Armani... a gravata é dum tal de Perre Cardine... os moveis são do tal Luis quinzi, o carro é de uma tal de mercedes... nadica de nada é deles.

- Nooooossa, que pobreza!

- E além de pobre, eles são muito inxibido, magina que ôtro dia eu escutei o 'patrão no telefone falano que tinha um Picasso.

- E num tem?

- Que nada, fia... é piquinininho de dá dó !'

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Você precisa usar óculos ou trocar as lentes ?

Olhe devagar e cuidadosamente a foto abaixo ...


Você viu a bunda da garota de trás ?


Se viu, então é bom ir a um oftalmologista o mais rápido possível, porque é apenas o ombro da garota usando a câmera.....

A minha consulta é amanhã às 13h.



quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Pela luz dos olhos teus ...






Quando a luz dos olhos meus
E a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar
Ai que bom que isso é meu Deus
Que frio que me dá o encontro desse olhar
Mas se a luz dos olhos teus
Resiste aos olhos meus só p'ra me provocar
Meu amor, juro por Deus me sinto incendiar
Meu amor, juro por Deus
Que a luz dos olhos meus já não pode esperar
Quero a luz dos olhos meus
Na luz dos olhos teus sem mais lará-lará
Pela luz dos olhos teus
Eu acho meu amor que só se pode achar
Que a luz dos olhos meus precisa se casar.

Vinicius de Moraes

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Padre nota 10 !

Sobre a decisão de retirarem a Cruz dos lugares públicos. Que resposta bem dada de um padre consciente!

Sou Padre católico e concordo plenamente com o Ministério Público de São Paulo, por querer retirar os símbolos religiosos das repartições públicas..

Nosso Estado é laico e não deve favorecer esta ou aquela religião.

A Cruz deve ser retirada !

Nunca gostei de ver a Cruz em tribunais, onde os pobres têm menos direitos que os ricos e onde sentenças são vendidas e compradas.

Não quero ver a Cruz nas Câmaras Legislativas, onde a corrupção é a moeda mais forte.

Não quero ver a Cruz em delegacias, cadeias e quartéis, onde os pequenos são constrangidos e torturados.

Não quero ver a Cruz em prontos-socorros e hospitais, onde pessoas (pobres) morrem sem atendimento.

É preciso retirar a Cruz das repartições públicas, porque Cristo não abençoa a sórdida política brasileira, causadora da desgraça dos pequenos e pobres.

Frade Demetrius dos Santos Silva - São Paulo/SP

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Idéia de reciclagem

Ideal para reciclar tampas de pet - Bom para nós e o meio ambiente também! e melhor do que prendedores aramados e/ou comprados.

Corte logo abaixo do gargalo usando tesoura ou outro cortador.


Passe o saco plástico por dentro do gargalo cortado.


Depois basta fechar com a tampa. E pode usar nas embalagens de mantimentos, pães etc.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

10 comportamentos insuportáveis no trabalho‏


Fofoqueiros, puxa-sacos e tagarelas: como identificar e lidar com esses perfis no escritório

Um bom relacionamento com as pessoas dentro do ambiente de trabalho é essencial tanto para a carreira como para a qualidade de vida. Mas manter um clima amistoso com os colegas profissionais nem sempre é fácil. Desagradáveis e até mal intencionados, alguns perfis desafiam a convivência com piadas excessivas, reclamações ou mesmo puxando o tapete dos outros. A psicóloga Juliana Saldanha, consultora de recursos humanos do Grupo Soma, orienta sobre as melhores reações. Selecionamos dez comportamentos insuportáveis no trabalho e dicas para lidar com cada um deles:

1. INJUSTIÇADA

"Eles não gostam de mim"

Reclamona, ela tem certeza que os chefes a perseguem - e percebe isso em cada olhar ou comentário. Passa muito tempo "alugando" os colegas com as suas lamentações. É extremamente sentimental e não tem foco no trabalho. Geralmente deixa a desejar profissionalmente, mas, mesmo assim, jura que é muito competente.

"O perseguido é um perfil difícil até porque não se sente assim só no profissional. Se um carro espirrar água de poça nela, também vai achar que é pessoal. Mas fugir das responsabilidades, ser a vitima, às vezes é insegurança", aponta Saldanha. O segredo é não entrar na onda e começar a reclamar dos chefes também.

2. FALSO BONZINHO

"Essa é a equipe mais bonita do prédio"

Parece um anjo à primeira vista. Cordial, faz questão de estabelecer boas relações com todos os níveis hierárquicos. Cedo ou tarde você ficará sabendo de intrigas pesadas feitas pelas costas envolvendo o seu nome. Ele vai negar tudo e sair pela tangente. Mas não se engane, mês que vem tem mais!

O famoso "duas caras" é mais um caso de insegurança, segundo a consultora. "Acredita que para crescer não pode ser ele mesmo. Devemos evitar generalizações, mas normalmente essa pessoa tem segundas intenções e quer levar vantagem", diz ela. Mas não tente desmascarar o "anjinho". É melhor manter distância.

3. FOFOQUEIRA INCORRIGÍVEL

"Tenho uma boa pra contar"

Ela parece um radar: está sempre por dentro de tudo que acontece na vida dos outros funcionários e, por isso, não dedica muito tempo ao trabalho. Tende a envolver as pessoas em suas falações e pequenas maldades. Critica a roupa e cabelo das colegas, mas no fundo inveja cada centímetro.

"Falamos que a pessoa tem que ter bom senso, mas isso é relativo porque as experiências de vida são diferentes", avalia Juliana. Sair de fininho das conversas sobre terceiros é a melhor forma de agir. A fofoca só existe porque alguém está ali para ouvir. "Não precisa dizer que não quer falar com ela, mas sinalize que tem outras prioridades e não seja conivente. Busque neutralidade", orienta.

4. PUXA-SACO BAJULADOR

"Seu corte de cabelo está incrível"

É um clássico no mundo corporativo. Em suas relações, classifica as pessoas por cargos - e o mais humilde não costuma receber atenção. Está sempre pronto para elogiar o chefe, mesmo que sutilmente, e extrai dessa prática a segurança que precisa para continuar empregado.

Nada de fazer igual para ganhar pontos! "Um chefe com vivência maior consegue perceber que está sendo bajulado", diz Juliana Saldanha. Portanto, ninguém perde pontos para o puxa-saco. Existem pessoas solícitas naturalmente, sem forçar a situação. "Não se iguale nem seja ingênua", recomenda a consultora.

5. OVERSHARING

"Alguém tem remédio para prisão de ventre?"

Ela (ou ele) fica falando de coisas que ninguém realmente quer saber - e normalmente num tom de voz que os obriga a isso. Usa o telefone da empresa para discutir com a madrinha, com o atendente da TV a cabo ou com a amiga que insiste em ficar com aquele cara que não a merece.

Se você der a mínima corda, a "oversharing" vai explicar seus problemas em detalhes, sem perceber que você está olhando para o outro lado. No limite, entram em assuntos constrangedores - escatológicos, sexuais, patológicos. "Ambiente corporativo não é consultório sentimental. Mas as pessoas só falam muito porque alguém escuta", diz Saldanha. Com medo de passar por chato, quem ouve as histórias excessivas nem sempre consegue sinalizar que aquilo invade a liberdade do seu ouvido. A dica é cortar o assunto e não fazer comentários que vão aumentar o diálogo.

6. CARREIRISTA ESPERTINHO

"Veja os meus projetos"

Está no jogo para ganhar. Ser bem sucedido é quase uma obsessão. Fala o que os chefes gostam de ouvir e não pensa duas vezes ao passar a perna em alguém. Costuma ser competente em suas funções, mas extremamente desleal com os colegas.

A dica aqui é simples: nunca compartilhe ideias e projetos com ele, por mais bacana que possa parecer na mesa de bar. Ele vai roubar seus insights, não duvide disso. Se apegue aos assuntos genéricos, comente sobre o tempo, o programa de TV, o futebol...

7. ULTRASEXY

"Eu já fui modelo"

Ela "dá mole" para os caras, mas se faz de sonsa e desentendida se algum deles reage. No escritório, todo mundo percebe a paquera com o colega: risadinhas, brincadeiras de mão e outras práticas irritantes dominam o ambiente. Tem certeza que é a garota mais desejada da empresa, anda praticamente nua ou "sutilmente" com uma saia curta, transparente e decotes bem aparentes, faz questão de mostrar mesmo, e tenta tirar algum benefício disso.

"Provavelmente ela não acredita na sua competência profissional. É preciso que a equipe seja assertiva para mostrar que não gosta daquilo", recomenda Juliana. A competência profissional também é revelada na forma em que a pessoa se apresenta no local de trabalho, nesse contexto está inserido o tipo de roupa, maquiagem, cabelo, jóias, comportamento, etc. Muitos "profissionais" não levam isso a sério, mas gestores e executivos com vivência elevada consideram esses aspectos primordiais para a imagem da empresa. Evite qualquer elogio à maquiagem ou roupas que possa inflar ainda mais esse ego. É válido lembrar que trata-se de uma organização e não um clube de festividades, desfile de moda, boates, etc.

8. GALÃ OFICIAL

"Cheguei, garotas!"

Ele não anda pelo corredor, desfila. Não cumprimenta as colegas, joga beijos e piscadinhas. Conta vantagens na hora do almoço para os outros homens e, muitas vezes, mente descaradamente sobre "aquela gata da academia" que nunca existiu.

"Não fique achando que você é a rainha da cocada preta só porque o cara fez uma brincadeira", diz a psicóloga. Geralmente não é pessoal, esse tipo tende a repetir as gracinhas com todas as outras meninas do andar. Mas se ele extrapolar ou passar dos limites, então expresse seu sentimento com clareza, mas de forma suave. Não é preciso brigar com o garotão bobo e ficar marcada no andar pela sua agressividade.

9. MATRACA SOLTA

"Isso me lembra uma história ótima"

Ela não para de falar e tende a ser inconveniente. Faz comentários (geralmente dispensáveis) sobre tudo e atrapalha a concentração dos colegas que querem trabalhar. Em reuniões, os chefes chamam sua atenção por estabelecer conversas paralelas.

Não entre no enredo que a pessoa está contando. Deixe que ela fale (quase) sozinha e mantenha os olhos na tela do computador ou folha do caderno. Dessa forma, ficará claro que você não está disponível e o assunto acaba mais facilmente. "Aos poucos as conversas vão diminuindo", aposta Juliana.

10. PIADISTA SEM GRAÇA

"Entenderam o trocadilho?"

Não fez curso de palhaço, mas quer sempre ser o mais divertido. Tenta copiar o colega engraçado de verdade, que tem timing e boas sacadas, mas nunca consegue. O problema? Ele continua insistindo e torrando a paciência dos colegas com suas piadas tolas.

A principal lição é parar de dar risadas forçadas. O sorriso, mesmo amarelo, prolonga o constrangimento coletivo e dá corda para o falso comediante continuar seu show. "A comunicação envolve as duas pessoas. Se o cara está vendo algum sinal de espaço ali, então vai falar mesmo", aponta Juliana Saldanha.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Quando eu for bem velhinha ...

Quando eu for bem velhinha, espero receber a graça de, num dia de domingo, me sentar na poltrona da biblioteca e, bebendo um cálice de Porto, dizer a minha neta:

- Querida, venha cá. Feche a porta com cuidado e sente-se aqui ao meu lado.

Tenho umas coisas pra te contar. E assim, dizer apontando o indicador para o alto:

- O nome disso não é conselho, isso se chama corroboração! Eu vivi, ensinei, aprendi, caí, levantei e cheguei a algumas conclusões. E agora, do alto dos meus 82 anos, com os ossos frágeis a pele mole e os cabelos brancos, minha alma é o que me resta saudável e forte. Por isso, vou colocar mais ou menos assim:

É preciso coragem para ser feliz. Seja valente. Siga sempre seu coração. Para onde ele for, seu sangue, suas veias e seus olhos também irão. E satisfaça seus desejos. Esse é seu direito e obrigação. Entenda que o tempo é um paciente professor que irá te fazer crescer, mas escolha entre ser uma grande menina ou uma menina grande, vai depender só de você. Tenha poucos e bons amigos. Tenha filhos. Tenha um jardim.

Aproveite sua casa, mas vá a Fernando de Noronha, a Barcelona e a Austrália.

Cuide bem dos seus dentes. Experimente, mude, corte os cabelos. Ame. Ame pra valer, mesmo que ele seja o carteiro.

Não corra o risco de envelhecer dizendo "ah, se eu tivesse feito..." Tenha uma vida rica de vida. Vai que o carteiro ganha na loteria - tudo é possível, e o futuro, tsc, é imprevisível. Viva romances de cinema, contos de fada e casos de novela. Faça sexo, mas não sinta vergonha de preferir fazer amor. E tome conta sempre da sua reputação, ela é um bem inestimável. Porque sim, as pessoas comentam, reparam, e se você der chance elas inventam também detalhes desnecessários.

Se for se casar, faça por amor. Não faça por segurança, carinho ou status. A sabedoria convencional recomenda que você se case com alguém parecido com você, mas isso pode ser um saco! Prefira a recomendação da natureza, que com a justificativa de otimizar os genes na reprodução, sugere que você procure alguém diferente de você. Mas para ter sucesso nessa questão, acredite no olfato e desconfie da visão. É o seu nariz quem diz a verdade quando o assunto é paixão.

Faça do fogão, do pente, da caneta, do papel e do armário, seus instrumentos de criação. Leia. Pinte, desenhe, escreva. E por favor, dance, dance, dance até o fim, se não por você, o faça por mim. Compreenda seus pais. Eles te amam para além da sua imaginação, sempre fizeram o melhor que puderam, e sempre farão. Cultive os amigos. Eles são a natureza ao nosso favor e uma das formas mais raras de amor. Não cultive as mágoas - porque se tem uma coisa que eu aprendi nessa vida é que um único pontinho preto num oceano branco deixa tudo cinza. Era só isso minha querida.

Agora é a sua vez. Por favor, encha mais uma vez minha taça e me conte: como vai você?

Colaboração de Sheila Ivanilda

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Amor e sexo



Amor é propriedade. Sexo é posse. Amor é a lei; sexo é invasão.

O amor é uma construção do desejo. Sexo não depende de nosso desejo; nosso desejo é que é tomado por ele. Ninguém se masturba por amor. Ninguém sofre com tesão. Amor e sexo, são como a palavra farmakon em grego: remédio ou veneno - depende da quantidade ingerida.

O sexo vem antes. O amor vem depois. No amor, perdemos a cabeça, deliberadamente. No sexo, a cabeça nos perde. O amor precisa do pensamento. No sexo, o pensamento atrapalha.

O amor sonha com uma grande redenção. O sexo sonha com proibições; não há fantasias permitidas. O amor é o desejo de atingir a plenitude. Sexo é a vontade de se satisfazer com a finitude. O amor vive da impossibilidade - nunca é totalmente satisfatório. O sexo pode ser, dependendo da posição adotada. O amor pode atrapalhar o sexo. Já o contrário não acontece. Existe amor com sexo, claro, mas nunca gozam juntos.

O amor é mais narcisista, mesmo entrega, na 'doação'. Sexo é mais democrático, mesmo vivendo do egoísmo. Amor é um texto. Sexo é um esporte. Amor não exige a presença do 'outro'. O sexo, mesmo solitário, precisa de uma 'mãozinha'. Certos amores nem precisam de parceiro; florescem até na maior solidão e na saudade. Sexo, não - é mais realista. Nesse sentido, amor é uma busca de ilusão. Sexo é uma bruta vontade de verdade. O amor vem de dentro, o sexo vem de fora. O amor vem de nós. O sexo vem dos outros. 'O sexo é uma selva de epilépticos' (N. Rodrigues). O amor inventou a alma, a moral. O sexo inventou a moral também, mas do lado de fora de sua jaula, onde ele ruge.

O amor tem algo de ridículo, de patético, principalmente nas grandes paixões. O sexo é mais quieto, como um caubói - quando acaba a valentia, ele vem e come. Eles dizem: 'Faça amor, não faça a guerra'. Sexo quer guerra. O ódio mata o amor, mas o ódio pode acender o sexo. Amor é egoísta; sexo é altruísta. O amor quer superar a morte. No sexo, a morte está ali, nas bocas. O amor fala muito. O sexo grita, geme, ruge, mas não se explica.

O sexo sempre existiu - das cavernas do paraíso até as 'saunas relax for men'. Por outro lado, o amor foi inventado pelos poetas provençais do século XII e, depois, relançado pelo cinema americano da moral cristã.

Amor é literatura. Sexo é cinema. Amor é prosa; sexo é poesia. Amor é mulher; sexo é homem - o casamento perfeito é do travesti consigo mesmo. O amor domado protege a produção; sexo selvagem é uma ameaça ao bom funcionamento do mercado. Por isso, a única maneira de controlá-lo é programá-lo, como faz a indústria da sacanagem. O mercado programa nossas fantasias.

Não há 'saunas relax' para o amor, onde o sujeito entre e se apaixone. No entanto, em todo bordel, finge-se um 'amorzinho' para iniciar. O amor virou um estímulo para o sexo.

O problema do amor é que dura muito, já o sexo dura pouco. Amor busca uma certa 'grandeza'. O sexo é mais embaixo. O perigo do sexo é que você pode se apaixonar. O perigo do amor é virar amizade. Com camisinha, há 'sexo seguro', mas não há camisinha para o amor.

O amor sonha com a pureza. Sexo precisa do pecado. Amor é a lei. Sexo é a transgressão. Amor é o sonho dos solteiros. Sexo, o sonho dos casados.

Amor precisa do medo, do desassossego. Sexo precisa da novidade, da surpresa. O grande amor só se sente na perda. O grande sexo sente-se na tomada de poder. Amor é de direita. Sexo, de esquerda - ou não, dependendo do momento político. Atualmente, sexo é de direita. Nos anos 60, era o contrário. Sexo era revolucionário e o amor era careta.

Autoria atribuída a Arnaldo Jabor

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O Bife

Meu primeiro animal de estimação foi um cachorro, o Bife. O nome foi sugerido por quem me presenteou, o Beiçola, amigo da família que tinha esse apelido por razões óbvias. Acho que o Beiçola escolheu a raça do cachorro à sua imagem e semelhança. Era um filhote de bulldog legítimo, da cara toda enrugada e beiçudo.

Era um bom cachorro. Não reclamava de nada. Nem de comer constantemente só feijão de praia com farinha dágua. O bichinho tava ficando uma lindeza. Baixinho, roliço, com o buchinho parecendo uma bola.

Mas, o Bife não ficou muito tempo lá em casa. Certo dia não amanheceu no quintal. Foi sequestrado. Dia seguinte ao desaparecimento recebi uma carta dos sequestradores, escrita com letras recortadas de revistas. Pediam 150 bolinhas de gude, das quais 5 deveriam ser ponteiras - bolas grandes -  e 10 colombianas - bolas multicoloridas, dificílimas de encontrar. Pior, exigiam também um "Pelé" - a figurinha mais difícil do álbum "México 70". Não tive recursos para pagar esse resgate altíssimo e nunca mais vi o Bife.

Por Adriano Trinta

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Paixão platônica



A paixão platônica todo romântico conhece: é aquela paixão unilateral, em que se idealiza o par perfeito e o romance ideal. Quem nunca foi apaixonado por um professor da escola, um artista da tevê ou até mesmo por outra pessoa já comprometida? Muitas pessoas passam, ou já passaram por essa difícil e sofredora sensação de amar alguém que não corresponde a esse amor. É comum na adolescência, ou entre jovens adultos, acometendo principalmente pessoas mais tímidas e introvertidas.

Para entender um pouco melhor, o termo “platônico” vem da teoria do filósofo grego Platão — que diz que esse amor é um sentimento de devoção por outra pessoa que não é realizado. É aquela idolatria ao ser amado em que o sentimento não é correspondido e que por isso se torna uma paixão que não existe no plano real da sua vida.

Há quem diga que a paixão platônica mostra uma dose de imaturidade emocional, à medida em que nunca experimenta os limites e as frustações de uma relação concreta.

Mas tudo tem o seu lado positivo, e nesse tipo de paixão é estimulada a reflexão sobre os motivos que impedem a pessoa de viver uma relação madura consigo mesma e com o outro.


O amor e a paixão são sentimentos que podem florescer em qualquer pessoa. E como todo sentimento, positivo ou negativo, agradável ou penoso, precisa de um estimulo para continuar intenso, vivo e existente. Senão, morre. O estímulo está em nossas cabeças e cabe a nós saber até onde isso nos faz bem.

Os poetas dizem que a paixão é uma doença do amor. E eles têm razão. Apesar de ser um sentimento extremamente positivo, a paixão também causa dores ao coração.

Por Hellen Marçal
Do Mulher Feliz

terça-feira, 5 de outubro de 2010

A dor da paixão que acabou


Agora que a maioria dos relacionamentos parece ser algo passageiro, sem compromisso (afinal, ficar não significa namorar), até parece meio fora de moda falar em fim de namoro ou em dar/levar um fora. Mesmo que o nosso jeito de namorar tenha mudado, uma coisa continua exatamente igual ao tempo de nossos avós: mesmo sem querer, a gente continua se apaixonando e sofrendo muito quando a paixão acaba. Essa é uma dor difícil de enfrentar.

Não é como aquelas dores físicas, em que a gente vai ao médico e um analgésico é capaz de dar um jeito. A dor da perda de alguém que se ama é mais amarga e mais difícil de ser curada. Ela mexe não apenas com o corpo, mas também com coisas mais sutis, como a auto-estima de quem leva o fora. Para piorar, há a saudade da pessoa que era tão especial, a certeza de que os bons momentos não vão voltar e a sensação de um vazio imenso, que parece que vai engolir quem continua apaixonado. Nesse momento, parece até que a vida não tem mais sentido e que o sofrimento nunca vai acabar.

Quando levam um fora, tanto os meninos (mesmo quando eles não demonstram isso...) quanto as meninas costumam se afundar em um mar de tristeza, pensando que a vida nunca mais vai ser a mesma. E não vai mesmo. Aquilo que vivemos e aprendemos quando estamos apaixonados muda a gente. É por isso que, quando o namoro acaba, a vida nunca mais volta a ser a mesma. Isso não significa que vai necessariamente piorar. Ao contrário, pode ser muito melhor porque levamos para a nossa próxima história de amor as coisas boas que aprendemos nas relações que já acabaram. Mais que isso, aprendemos que somos capazes de sobreviver sem a outra pessoa e que podemos levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima.

Esse aprendizado torna a gente emocionalmente mais forte, porque aprendemos a lidar melhor com a frustração e a perda. Isso pode não ocorrer, no entanto, quando adotamos a postura de vítima: "Eu fiz tudo por ela e, no final, ela me deu um fora" ou "Eu não merecia isso". A pessoa que age assim no fundo acredita que o namorado/a tinha a obrigação de amá-la. Como se a paixão dependesse da nossa vontade...

Todo namoro deve ser uma troca, e não um contrato em que damos algo de nós e exigimos amor como pagamento.

Ninguém agüenta essa pressão.

Há também aqueles que transformam o fim de um namoro em um drama, quando se recusam a aceitar o fim ou alimentam desnecessariamente a dor da perda. São as pessoas que se trancam no quarto por dias a fio, agarrando-se às lembranças dos bons momentos (e esquecendo-se de todos os maus...) sem se dar a chance de conhecer novas pessoas e ter novas experiências. Elas perdem a oportunidade de aprender com a história que acabou e se contentam em sofrer, sofrer, sofrer... Vivem a ilusão de que, assim, mantêm a pessoa amada por perto, quando, na verdade, apenas abrem as feridas que já poderiam ter cicatrizado.

É por isso que o fim de uma paixão é o momento de avaliar o namoro que terminou: quais os erros e os acertos de cada um, quais as atitudes que acabaram de vez com o relacionamento e, principalmente, o que cada um ganhou ou perdeu no tempo em que ficaram juntos.

É a descoberta dessas perdas e ganhos que faz com que as pessoas se sintam mais fortes e entendam melhor a frase de Vinícius de Moraes: "Que seja eterno enquanto dure...".

Do Educacional

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O mistério do quarto 311


Assim vai a saúde em Portugal ...
Se não fosse trágico seria para rir...
Só cá nesta terra, mesmo!

O mistério do quarto 311 do Hospital D. Pedro em Aveiro (facto verídico).

Durante alguns meses acreditou-se que o quarto 311,do hospital Dom Pedro em Aveiro, tinha uma maldição.

Todas as sextas-feiras de manhã, os enfermeiros descobriam um paciente morto neste quarto da unidade de cuidados intensivos.

Claro que os pacientes tinham sido alvo de tratamentos de risco mas,no entanto, já não se encontravam em perigo de morte.

A equipa médica, perplexa,pensou que existisse alguma contaminação bacteriológica no ar do quarto. Alertadas pelos familiares das vítimas, as autoridades conduziram um inquérito.

Os doentes do 311 continuaram, no entanto,a morrer a um ritmo semanal e sempre à sexta-feira.

Por fim, foi colocada uma câmera no quarto e o mistério resolveu-se:

Todas as sextas-feiras de manhã, pelas 6 horas,a mulher da limpeza desligava os aparelhos do doente para ligar o aspirador!!!

'O cérebro é uma coisa maravilhosa.. Todos deveriam ter um!

sábado, 2 de outubro de 2010

Nao sei dizer não!

Não saber dizer não, pode colocar você em situações de dúvida, divisão, e até mesmo se fazer passar por mentiroso. O que fazer?

Algumas pessoas tendem a concordar com tudo, para serem mais legais ou para não magoar com os outros. Ninguém quer perder nada, e por isso pensamos que ao dizer não, estamos afastando um amigo, perdendo um amor para sempre. Podemos até mesmo nos passar por pessoas enganadoras quando empurramos a situação sem decidir nada

Ser gentil

Quantas vezes temos uma decisão difícil a ser tomada e não conseguimos porque achamos que dizendo não, estamos ferindo os sentimentos dos outros?

Nem todo mundo consegue negar alguma coisa. Seja por medo da perda, seja por achar que isso é ser mal educado ou grosseiro, elas não criam o costume de negar nada.

Algumas pessoas não dizem não nem mesmo quando estão numa loja, dizendo que voltarão depois quando um produto não agradou, para o vendedor.

Submisso

As pessoas que não sabem dizer não, geralmente parecem ser mais gentis do que as outras. Mas que fique claro que não é bem assim. Você parece ser mais legal, porque acaba não contrariando ninguém, mas muitas vezes acaba enrolando a pessoa ou pedindo pra outra dizer o não no seu lugar.

Você guarda tudo pra você, e não quer dizer que você seja melhor ou pior só por isso.

Não dizer não, faz mal a você, e cria-se um hábito de nunca decidir nada, e sempre deixar as decisões nas mãos de outras pessoas, seja até mesmo a fazer um pedido num restaurante.

Você se torna submisso.

Dividido
 
Como você sempre parece estar "de bem com a vida", algumas pessoas abusam, e outras se apaixonam por engano.

Entre enganos e aproveitadores, você acaba ficando dividido entre dois romances, ou até mesmo com alguém gostando de você, sem que você esteja apaixonado e consiga dizer isso.

Imagem errada

Você vai ser visto como alguém que cozinha em banho maria, mau caráter, mentiroso, tudo isso sem ter culpa de nada, porque não foi capaz de dizer que não queria.

Não tomar decisões pode virar um vício, e você começará a pensar diferente da forma que age, querendo dizer não, e dizendo sim.

Você passará a ser alguém que não é de verdade.
Como diz a música: Dizer não é dizer sim, saber o que é bom pra mim. Não é só dar um palpite.

E você, sabe dizer não?

Do Um Ombro Amigo

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A fome de Marina

Independente de quem seja seu candidato esse texto é ótimo pela inteligencia, clareza de raciocínio, competência em buscar e encontrar referências

Há pouco, Caetano Veloso descartou do seu horizonte eleitoral o presidente Lula da Silva, justificando: “Lula é analfabeto”. Por isso, o cantor baiano aderiu à candidatura da senadora Marina da Silva, que tem diploma universitário. Agora, vem a roqueira Rita Lee dizendo que nem assim vota em Marina para presidente, “porque ela tem cara de quem está com fome”.

Os Silva não têm saída: se correr o Caetano pega, se ficar a Rita come.Tais declarações são espantosas, porque foram feitas não por pistoleiros truculentos, mas por dois artistas refinados, sensíveis e contestadores,

cujas músicas nos embalam e nos ajudam a compreender a aventura da existência humana.

Num país dominado durante cinco séculos por bacharéis cevados, roliços e enxudiosos, eles naturalizaram o canudo de papel e a banha como requisitos indispensáveis ao exercício de governar, para o qual os Silva, por serem iletrados e subnutridos, estariam despreparados.

Caetano Veloso e Rita Lee foram levianos, deselegantes e preconceituosos.

Ofenderam o povo brasileiro, que abriga, afinal, uma multidão de silvas famélicos e desescolarizados.

De um lado, reforçam a ideia burra e cartorial de que o saber só existe se for sacramentado pela escola e que tal saber é condição *sine qua non* para o exercício do poder. De outro, pecam querendo nos fazer acreditar que quem está com fome carece de qualidades para o exercício da representação política.

A rainha do rock, debochada, irreverente e crítica, a quem todos admiramos, dessa vez pisou na bola. Feio.“Venenosa! Êh êh êh êh êh!/ Erva venenosa, êh êh êh êh êh!/ É pior do que cobra cascavel/ O seu veneno é cruel…/ Deus do céu!/ Como ela é maldosa!”.

Nenhum dos dois - nem Caetano, nem Rita - têm tutano para entender esse Brasil profundo que os silvas representam.

A senadora Marina da Silva tem mesmo cara de quem está com fome? Ou se trata de um preconceito da roqueira, que só vê desnutrição ali onde nós vemos uma beleza frágil e sofrida de Frida Kahlo, com seu cabelo amarrado em um coque, seus vestidos longos e seu inevitável xale? Talvez Rita Lee tenha razão em ver fome na cara de Marina, mas se trata de uma fome plural, cuja geografia precisa ser delineada. Se for fome, é fome de quê?

*O mapa da fome *

*A primeira fome de Marina é, efetivamente, fome de comida, fome que roeu sua infância de menina seringueira, quando comeu a macaxeira que o capiroto ralou. Traz em seu rosto as marcas da pobreza, de uma fome crônica que nasceu com ela na colocação de Breu Velho, dentro do Seringal Bagaço, no
Acre.*

Órfã da mãe ainda menina, acordava de madrugada, andava quilômetros para cortar seringa, fazia roça, remava, carregava água, pescava e até caçava.

Três de seus irmãos não aguentaram e acabaram aumentando o alto índice de mortalidade infantil.

Com seus 53 quilos atuais, a segunda fome de Marina é dos alimentos que, mesmo agora, com salário de senadora, não pode usufruir: carne vermelha, frutos do mar, lactose, condimentos e uma longa lista de uma rigorosa dieta prescrita pelos médicos, em razão de doenças contraídas quando cortava
seringa no meio da floresta. Aos seis anos, ela teve o sangue contaminado por mercúrio. Contraiu cinco malárias, três hepatites e uma leishmaniose.

A fome de conhecimentos é a terceira fome de Marina. Não havia escolas no seringal. Ela adquiriu os saberes da floresta através da experiência e do mundo mágico da oralidade. Quando contraiu hepatite, aos 16 anos, foi para a cidade em busca de tratamento médico e aí mitigou o apetite por novos saberes nas aulas do Mobral e no curso de Educação Integrada, onde aprendeu a ler e escrever.

Fez os supletivos de 1º e 2º graus e depois o vestibular para o Curso de História da Universidade Federal do Acre, trabalhando como empregada doméstica, lavando roupa, cozinhando, faxinando.

Fome e sede de justiça: essa é sua quarta fome. Para saciá-la, militou nas Comunidades Eclesiais de Base, na associação de moradores de seu bairro, no movimento estudantil e sindical. Junto com Chico Mendes, fundou a CUT no Acre e depois ajudou a construir o PT.

Exerceu dois mandatos de vereadora em Rio Branco , quando devolveu o dinheiro das mordomias legais, mas escandalosas, forçando os demais vereadores a fazerem o mesmo. Elegeu-se deputada estadual e depois senadora, também por dois mandatos, defendendo os índios, os trabalhadores rurais e os povos da floresta.

Quem viveu da floresta, não quer que a floresta morra. A cidadania ambiental faz parte da sua quinta fome. Ministra do Meio Ambiente, ela criou o Serviço Florestal Brasileiro e o Fundo de Desenvolvimento para gerir as florestas e estimular o manejo florestal.

Combateu, através do Ibama, as atividades predatórias. Reduziu, em três anos, o desmatamento da Amazônia de 57%, com a apreensão de um milhão de metros cúbicos de madeira, prisão de mais 700 criminosos ambientais, desmonte de mais de 1,5 mil empresas ilegais e inibição de 37 mil propriedades de grilagem.

*Tudo vira bosta*

Esse é o retrato das fomes de Marina da Silva que - na voz de Rita Lee - a descredencia para o exercício da presidência da República porque, no frigir dos ovos, “o ovo frito, o caviar e o cozido/ a buchada e o cabrito/ o cinzento e o colorido/ a ditadura e o oprimido/ o prometido e não cumprido/e o programa do partido: tudo vira bosta”.

Lendo a declaração da roqueira, é o caso de devolver-lhe a letra de outra música - ‘Se Manca’ - dizendo a ela: “Nem sou Lacan/ pra te botar no divã/ e ouvir sua merda/ Se manca, neném!/ Gente mala a gente trata com desdém/ Se manca, neném/ Não vem se achando bacana/ você é babaca”.

Rita Lee é babaca? Claro que não, mas certamente cometeu uma babaquice. Numa de suas músicas - ‘Você vem’ - ela faz autocrítica antecipada, confessando:

“Não entendo de política/ Juro que o Brasil não é mais chanchada/ Você vem… e faz piada”. Como ela é mutante, esperamos que faça um gesto grandioso, um pedido de desculpas dirigido ao povo brasileiro, cantando: “Desculpe o auê/Eu não queria magoar você”.

A mesma bala do preconceito disparada contra Marina atingiu também a ministra Dilma Rousseff, em quem Rita Lee também não vota porque, “ela tem cara de professora de matemática e mete medo”. Ah, Rita Lee conseguiu o milagre de tornar a ministra Dilma menos antipática! Não usaria essa imagem, se tivesse aprendido elevar uma fração a uma potência, em Manaus, com a professora Mercedes Ponce de Leão, tão fofinha, ou com a nega Nathércia Menezes, tão altaneira.

Deixa ver se eu entendi direito: Marina não serve porque tem cara de fome.

Dilma, porque mete mais medo que um exército de logaritmos, catetos, hipotenusas, senos e co-senos. Serra, todos nós sabemos, tem cara de vampiro. Sobra quem?

Se for para votar em quem tem cara de quem comeu (e gostou), vamos ressuscitar, então, Paulo Salim Maluf ou Collor de Mello, que exalam saúde por todos os dentes. Ou o Sarney, untuoso, com sua cara de ratazana
bigoduda. Por que não chamar o José Roberto Arruda, dono de um apetite voraz e de cuecões multi-bolsos? Como diriam os franceses, “il péte de santé”.

O banqueiro Daniel Dantas, bem escanhoado e já desalgemado, tem cara de quem se alimenta bem. Essa é a elite bem nutrida do Brasil…

Rita Lee não se enganou: Marina tem a cara de fome do Brasil, mas isso não é motivo para deixar de votar nela, porque essa é também a cara da resistência, da luta da inteligência contra a brutalidade, do milagre da
sobrevivência, o que lhe dá autoridade e a credencia para o exercício de
liderança em nosso país.*

Marina Silva, a cara da fome? Esse é um argumento convincente para votar nela. Se eu tinha alguma dúvida, Rita Lee me convenceu definitivamente.*

*Por José Ribamar Bessa Freire

Professor, coordena o Programa de Estudos dos Povos Indígenas (UERJ)e pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Memória Social (UNIRIO)